domingo, agosto 30, 2009

Flor do Catu: território e resistência indígena no Rio Grande do Norte















Uma Flor da Palavra desabrocha na comunidade do Catu através de reflexões sobre a cultura, história, resistência e fazeres indígenas latino americanos, em oficinas, vivências, artes e técnicas livres, a ser realizada de 27 a 28 de agosto de 2009 na Escola Municipal João Lino da Silva em Canguaretama, Rio Grande do Norte. A proposta é a invenção de laços de comunicação e solidariedade entre a comunidade e o resto do planeta. Um desses laços solidários é com o Acampamento do MST José Martí, há 4 anos na beira da BR-101, no mesmo município, também sendo sufocado pelo agronegócio predatório.

O estado do Rio Grande do Norte não possui comunidades indígenas reconhecidas. Isto porque os indíos e índias da região sofreram com mais virulidade a pressão da miscigenação cultural e limpeza étnica desde os primórdios da colonização brasileira. Região central de uma extensa área indígena rebelde, que servia de refúgio para muitas das tribos que iam contra o sistema mercantilista, tornaram-se alvo de grande repressão militar por parte da ordem vigente: constantes levantes e alianças entre colonizadores e índios, sujas conspirações entre as diferentes tribos que levaram à quase total dizimação dxs índígenas da região. Estabelecida a tecnocracia dos engenhos de cana, modernizados em grandes usinas de "bio" combustíveis, a dominação política consolidou-se com a chegada da base aérea estadunidense na cidade de Parnamirim, próximo a Natal, no ano de 1941, agravando ainda mais a exploração da natureza e da humanidade local. Literalmente, prostituiram o restante das descendentes potiguare/as.

Após mais de 100 anos de silêncio oficial, nos quais estas populações foram dadas como extintas, desde junho de 2005, diferentes grupos étnicos reivindicam sua identidade indígena no estado: Eleotério do Catu de Canguaretama, Mendonça do Amarelão de João Câmara; Caboclos de Açu; Comunidade de Banguê e Trapiá, também em Açu; Comunidade de Sagi. Apesar do etnocídio, ou da tática do desaparecimento para não serem mortxs, configuram culturas altamente resistentes e em processo de constante recriação. Uma destas recriações será a Flor do Catu.

Um comentário:

Paulo Vilmar disse...

C!
Estes dias, num buraco do asfalto, vi nascer uma flor! Esta é a beleza da vida, mesmo nas condições mais adversas, ela se mostra resistente e se supera, nos brindando com o poder da recriação!
Beijos